sábado, 13 de fevereiro de 2016

Dia 5 - 06/02 (percorrido=459Km)

Após o café e os ajustes de bagagens nas motos, nos despedimos do casal Airton&Zeneida (grande parceria) e saímos aproximadamente as 9:30 hs rumo a Rio Grande, optando em ir pela praia para dar uma olhada nos molhes.
        As famosas vagonetas (pequenos vagões a vela que percorrem sobre trilhos até o fim dos molhes) não estão funcionando atualmente pois os molhes estão sendo aumentados em 2 Km (para um total de 6Km).



Foi uma pena, para mim trazem boas lembranças de veraneios no Cassino,na casa dos avós Bráulio e Rosa, onde os Freitas e os de Felippe se juntavam para ir à praia, passear, curtir as férias. Bons tempos.
        Seguindo viagem, já no asfalto em direção ao local de embarque da lancha para S.J. do Norte, passamos pelo Super Porto com seus inúmeros containers e super guindastes e...lembrei do embarque das motos na lancha...senti um calafrio. Novamente ter que embarcar a Cavala na lancha? Com aquela “rampinha”? É brincadeira!!!
        Mas, quando chegamos ao local de embarque, que grata surpresa, devido ao grande movimento de carros, caminhões e carretas, colocaram uma balsa extra, uma enorme balsa. Se bem me lembro, entraram 2 carretas, 4 caminhões, 7 carros, umas 10 motos e ainda tinha algum espaço.





A travessia, com mar calmo, é muito tranqüila, quase nem se escuta o motor funcionando.
        A partir de S.J. do Norte voltamos a rodar na ex-Estrada do Inferno, agora para percorrer toda a sua extensão, até Mostardas já sabíamos das condições, muitos trechos em obras.
        Abastecemos as motos e almoçamos em um restaurante em Mostardas, onde conversamos com um vendedor da região que disse para nos termos muito cuidado nos próximos 40 Km em direção a Palmares do Sul, estavam péssimos, só buracos. E não foi exagero, nunca vi tanto buraco numa estrada só. Foi um ziguezague total, de acostamento à acostamento, isto para as motos pois os carros, ônibus , caminhões, etc, não conseguem desviar, escolhem os menores buracos para passar. Após os 40 km de buracos, até próximo a Palmares do Sul, a estrada é só remendo.
        De Palmares do Sul até Torres, estradas muito boas, com um belo visual entre Capivari e Osório, onde paramos para ver de perto o Parque Eólico, o tamanho das torres e suas hélices impressiona.




        Já perto de Torres, uma parada estratégica na tenda do Pelé (RS389), um lanche com muito suco de abacaxi bem gelado.
Mais um pouco e chegamos, no final da tarde, na minha casa.
        O Paulinho e o San, espertamente, resolveram não viajar a noite e pernoitar em Torres, para seguir viagem até Floripa-SC no dia seguinte.
        Mas se era tarde para seguir viagem, não era para pegar uma praia, fomos até a Praia da Cal, tomamos um banho de mar seguido de uma caipirinha de abacaxi (para relaxar, he he he).

        Enfim, uma viagem-aventura, maravilhosa, enriquecedora, desafiante e inesquecível.

Dia 4 - 05/02 (percorrido=313Km)

Acordamos cedo, quase junto com o sol, levantamos acampamento sem pressa, o que sobrou das nossas provisões resolvemos doar ao cara do “hotel”, e o San prontamente disse: “-Deixa que eu entrego, vou lá de moto”, ele já estava a fim de fazer “cross” nas dunas, he he he.
        Para chegar a beira da praia tivemos que cruzar novamente a faixa de areia fofa, a Cavala passou cavoucando o chão, com derrapadas e rabanadas. Decidimos tomar café na praia de Hermenegildo, aquela da famosa “Maré vermelha”.
        A praia, cada vez mais, com extensas áreas cobertas de conchinhas, porem e ainda bem, sem areia fofa. A impressão que dava era estar passando encima de milhares de cascas de ovos, com todos aqueles estalos.



        Chegando em Hermenegildo, fomos procurar um bar para tomar um café, fazer um lanche, enquanto o Airton foi visitar um amigo.







Novamente reunidos voltamos à praia, e foi se confirmando a certeza que não teríamos que enfrentar os temíveis “concheiros”, simplesmente por que a praia os escondeu temporariamente, deixando apenas uma leve camada de conchas sobre areia firme. As condições da praia continuavam boas, com maré baixa e o vento novamente de popa.



        Curtimos mais alguns (e últimos) Km de praia...



...e chegamos nos molhes da Barra do Chuí (S33°44’37.3”,W53º22’09.8”), do outro lado do Arroio Chuí já é Uruguai.








        Aquela velha sensação (mistura de felicidade&tristeza) já se manifestava; felicidade pelos momentos vividos e objetivo alcançado, tristeza por tudo ter passado tão rápido. Mas para consolo ainda tinha a volta, he he he.
        Depois de conferir os molhes, fomos para a “rua das compras” na cidade do Chuí, de um lado o Brasil, do outro o Uruguai, é só atravessar a rua.





        Guardamos as motos no Posto Ipiranga, onde recebemos uma atenção especial, pois um dos frentistas também tem moto e é simpatizante dos motociclistas estradeiros, no vidro de uma das janelas existem dezenas de adesivos de grupos e motoclubes, e fomos caminhar.


        Muitas lojas e, atualmente, os preços estão normais, isto é, competindo com o comércio brasileiro, principalmente com o e-commerce. Fizemos umas compritas básicas, almoçamos...


...abastecemos as motos (limpeza e graxa nas correntes, calibragem para asfalto) e demos início a volta.
        Rodamos uns 30 Km  e a parceria não resistiu a alguns bancos embaixo de um arvoredo num Posto Texaco (S33°27’35.0”,W53°16’36.7”) a beira da estrada, 30 minutinhos para a sesta (acho que a proximidade com os hermanos influenciou, he he he), e eu fui tomar um cafezinho.



        Seguindo viagem em direção a Praia do Cassino, retas e mais retas (dá saudades das curvas), passamos bem devagar pela Reserva do Taím (S32º40’13.0”,w52º35’28.5”), com uma paisagem muito bonita, conseguimos ver jacarés e capivaras.




O vento estava forte e de proa, obrigando um esforço extra nos braços já nos 90 Km/h.
        Fiquei preocupado com o Airton, pois se na praia tinha grande vantagem (de ir e vir aonde quisesse, inclusive em areias movediças, he he he) com a valente e guerreira Honda XR200, agora no asfalto com um ventão contra estava em clara desvantagem. Quando paramos para colocar um abrigo (aumentando a proteção do vento), perguntei ao Airton se naquelas condições daria para manter 80 Km/h, ele disse que sim, tudo bem. Então, após a Reserva do Taím até a bifurcação para Quinta e Praia do Cassino fomos cravados em 80Km/h, onde o Paulinho e o San, que iam um pouco a frente, nos aguardavam em um posto de gasolina (S32°4’33.2”,W52°15’38.7”).
Após abastecer as motos, com o vento já perdendo força, tomamos o rumo da Praia do Cassino, que já estava perto, para mais um pernoite na casa do Airton.
        Novamente fomos muito bem recebidos, após um bom banho de chuveiro, saboreamos...humm!! delicioso arroz com camarão, preparado pela Zeneida, que o San perdeu pois foi dormir mais cedo.
        Depois fomos olhar e trocar as fotos e filmes da viagem, um show de imagens, he he he.
        Mais uma vez, gentilmente, o Airton e a Zeneida cederam o confortável trailer, então, cansados e felizes fomos dormir.





Dia 3 - 04/02 (percorrido=170Km)

Acordamos as 8:00hs, fomos ao super-mercado fazer um ranchinho (para o acampamento)...






...abastecemos as motos (cada um levou 2 litros extras de combustível), baixamos a calibragem dos pneus (para melhorar o desempenho, caso tivéssemos que encarar muita areia fofa).
Voltamos para a casa do Airton...


...ajustamos as bagagens...




...e por volta das 10:30hs partímos.


        Rodamos um pouco, aproximadamente 12 km do Cassino, passamos pelo navio naufragado Altair, que em 1976 foi empurrado para praia e não conseguiu mais voltar, e aonde ainda se pode ver, mas já em ruínas consumidas pela maresia, o casco e as estruturas de sustentação de cargas.



A partir daí, o trecho seguinte é conhecido como Cemitério de Navios, devido ao grande número de naufrágios na época das guerras cisplatinas e também das fortes frentes frias que atingem a costa. O mais famoso navio afundado na região foi o Prince of Wales, de bandeira inglesa.      
        A praia, exceto por um vento médio de proa, estava um espetáculo para rodar de moto, maré baixa, extensas áreas de areia completamente lisa e sem degraus, com ondulações que pareciam um suave tobogã, chegamos a desenvolver velocidades acima de 80 Km/h (até então nossa velocidade nas praias oscilava entre 50 e 60 km/h).


        Enquanto eu, o Airton e o Paulinho rodávamos pela beira da praia curtindo as boas condições do momento com algumas revoadas de dezenas de pássaros, o San se divertia, vez ou outra, fazendo um “cross” nas dunas.


        Paramos para fazer um lanche, e completamente sozinhos no meio daquela inóspita e imensa  praia (S32°38’14.7”,W52°25’35.5”) saboreamos deliciosos sanduíches.






        Seguindo viagem...



...outra baleia morta...


...passamos pelos faróis Sarita , Verga...



...Paulinho, consultando os instrumentos de navegação...



...boia perdida...


...pit stop...


...e Albardão (o mais antigo da região e o maior farol da costa brasileira com 48m de altura, construído em 1906)...



...e uns 30 km depois do farol de Albardão o Airton, que conhece bem a região, começou procurar o local onde ele,o Paulinho e o Demétrio (outro primo) tinham acampado no ano de 2000, que ficava perto de um hotel, para montarmos acampamento. Hotel...!? Lá naquele fim de mundo, no meio do nada, um hotel?


Outra boia perdida.



Opa!!! Olha o San procurando um terreno pra comprar, he he he.


      Íamos rodando devagar pela beira da praia, ouvindo o crac-crac das motos passando encima dos primeiros sinais dos concheiros...


...o Airton, em pé na moto e olhando,  quando achava que era o local tinha que atravessar uma faixa de uns 10 a 15m de largura de areia fofa para conferir...


...o San acompanhava ele, eu e o Paulinho aguardávamos na beira da praia, prá não queimar cartucho, mas quando fosse encontrado o local também teríamos que encarar a travessia.
        E foi numa dessas travessias que aconteceu uma coisa incrível com o Airton e sua moto.
        Ao longe vimos a moto, literalmente, enterrada até a metade das rodas na areia movediça, o local, com +ou- 3m de diâmetro, ficava depois da faixa de areia fofa, a mais de 40m da beira mar.
        Quando chegamos perto demos muitas risadas pois o Airton, na tentativa de fazer um canal para tirar a moto, parecia estar, como um índio, fazendo a dança da chuva; o San tentando ajudar ficou enterrado até os joelhos,  he he he.






        Ainda bem que era a moto mais leve, foi tirada “no braço”, ficamos imaginando se a moto fosse mais pesada...o bicho ia pegar.Lembrei daquela frase: “Por maus caminhos com bons amigos”.
        Não demorou muito e, após algumas derrapadas, conseguimos chegar com as motos em um ótimo lugar para acampar (S33°25’02.9”,W52°56’51.9”), entre as dunas para ter proteção do vento e ao lado de pequenas lagoas.





        Ah!, após algumas subidas e descidas pelas dunas foi localizado o “hotel”..., é, ele existe mesmo (S33°24’58.3”,W52°56’46.8”)...



...ou melhor, existiu, pois salvo algumas peças, está em ruínas. Atualmente um peão, que cuida do gado de uma fazenda vizinha, está morando lá. Não sei por quem, nem quando foi construído.



        Buenas, após montar acampamento...







...fomos tomar um belo (a água não estava fria) banho de mar, seguido de um banho “theco” (devido a profundidade de 20 cm) na pequena lagoa para tirar o sal.



        Em seguida demos início ao nosso “meridional happy hour”, o Airton, espertamente, levou uma garrafa d’agua congelada, então tínhamos água gelada e um pouco de gelo, tomamos uma caipirinha de vodka (pra relaxar, he he he) e comemos nossos deliciosos sanduíches, aproveitando a luz do dia.




        O San, já ao anoitecer, após catar algumas lenhas, deu início a fogueira onde ficamos em volta conversando e dando risadas.




 A noite estava muito boa, vento fraco, lua crescente e muita estrela.



Conversa vai conversa vem, o Paulinho começou a contar algumas estórias sobre Cristóvão Colombo que fizeram o San dormir ali mesmo, deitado na areia das dunas, he he he.







        Cansados e felizes fomos dormir.

        Obs: para uma próxima de barraca, não posso esquecer de comprar um colchão inflável, passar a noite em um saco de dormir, direto sobre o chão da barraca, significa uma noite +ou- bem dormida.